A Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) concluiu, nesta terça-feira (20), que o homicídio da estudante de 14 anos em uma escola particular de Uberaba foi premeditado por dois adolescentes.
O caso aconteceu no dia 8 de maio, no bairro Universitário e, de acordo com a Polícia Civil (PC), responsável pelas investigações, o ocorrido não tem relação com bullying.
A vítima foi atacada com golpes de tesoura por um colega de sala durante uma aula no 9º ano do ensino fundamental.
Conforme consta no boletim de ocorrência, o garoto se levantou, entregou à vítima uma folha de caderno e, logo em seguida, atacou a adolescente com uma tesoura, atingindo-a três vezes na região do tórax. A ação foi presenciada por colegas, que imediatamente acionaram o professor da sala.
O pai da vítima, que também é funcionário da escola, tentou socorrer a menina antes da chegada do SAMU. A estudante não resistiu aos ferimentos e faleceu ainda dentro da sala de aula.
O autor foi encontrado às margens da rodovia AMG-2595. Segundo o delegado da DHPP, Diego Moreira, a resolução do caso foi possível graças à arrecadação de materiais escolares dos alunos e telefones celulares.
De acordo com o delegado, um policial militar conversou com o menor de idade no dia do ocorrido. Ele relatou que contou com a ajuda de um colega de turma para cometer o crime.
A Polícia Civil representou pela internação provisória dos dois adolescentes junto ao Ministério Público Estadual (MPE). Na residência do segundo suspeito, foi possível obter mais informações sobre o crime.
“O crime foi cometido por dois adolescentes, um executor e um partícipe apenas, concluindo que não há um terceiro elemento. O motivo do crime, não há bullying ou misoginia ou qualquer coisa semelhante. O próprio adolescente alegou em uma entrevista informal que sentia inveja da menina. Não havia um relacionamento afetivo entre eles. Foi um plano de adolescentes de 14 anos, que por mais abjeto que seja, foi estancado ali naquele momento, não há risco de uma reiteração da conduta”, disse.
A vítima
Ainda de acordo com Diego Moreira, a Polícia Civil, Polícia Militar (PM) e Ministério Público visitaram diversas escolas após o ocorrido.
As corporações também conversaram com os pais da vítima, para saber com quem ela se relacionava e quais eram os hábitos dela para apurar melhor o crime.
As autoridades de segurança concluíram que a adolescente não tinha inimizade com ninguém, e que também não praticava bullying com colegas de sala.
“O que ela tinha era um excelente relacionamento com os colegas, uma turma de amigas. Era uma menina alegre, feliz, que frequentava a igreja junto com seus pais, que era uma excelente aluna. Inclusive, ela havia ganhado prêmios dentro da escola. Há relatos de que a vítima era uma das meninas que acolhia os alunos que chegavam, ajudando nessa interação social, facilitando o clima dentro da sala de aula. Uma coisa que a gente tem se preocupado muito é com eventuais ataques à vítima. Eles são absolutamente infundados. O que a gente tem com relação à motivação é uma questão ligada à inveja”, relatou.
A Polícia Civil informou ainda que foi possível coletar dados relacionados à anotações no caderno do autor do crime. Segundo o delegado, não há uma lista de vítimas e tampouco símbolos de seitas religiosas ou grupos externos.
No caderno do menor de idade, foi possível encontrar poesias sobre como ele se sentia, mas não há indícios de que ele planejava atentados contra outras pessoas ou grupos.
“Foi ventilado que ele poderia ser neurodiverso e que poderia ser adotado e por isso ter praticado o fato, mas são informações completamente dissociadas da realidade. Ele era um garoto muito inteligente, com excelentes notas, então nada indica que ele apresentava necessidade de suporte. Também ganhava prêmios e concursos, era um aluno premiado”, informou o delegado.
*Com informações do MPMG/Diário de Uberlândia