Z•E•N
A entrada de cigarros será terminantemente proibida em unidades prisionais de Minas.
Ainda em julho, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) vai implantar a medida nas unidades menores e nos Centros de Remanejamento, os Ceresp.
Até o fim de agosto, a norma vai vigorar também nas instituições de médio e grande porte, atingindo uma população carcerária de 60 mil pessoas.
A justificativa do Estado é preservar “a saúde e a segurança”. Na primeira esfera, alega, a proibição garantirá “um ambiente livre das toxinas contidas nos cigarros” para os detentos e os servidores que trabalham nesses locais.
Na segunda, pretende eliminar fósforos e isqueiros, que poderiam ser usados para atear fogo em colchões e tecidos, e também a utilização de cigarros como moeda de troca dentro do sistema prisional e como veículo para outras drogas, como a K.
A proibição foi comunicada por memorando aos diretores de polícia penal na última quinta-feira (4). Perguntada se os internos já haviam sido notificados sobre a mudança, a Sejusp afirmou em nota que “as informações aos custodiados serão repassadas durante a implantação da medida”.
Não é difícil supor que a notícia vá cair como uma bomba nas unidades. Pesquisadora do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp) da UFMG, Isabela Araújo explica que o cigarro tem um valor importante no sistema prisional.
“É uma moeda de troca informal, uma alternativa criada pela própria população prisional para ter acesso a itens básicos, como sabonete”, diz.
Por isso, é possível que a nova regra, ainda mais se implantada de forma abrupta, desencadeie protestos.
O próprio Estado lida com essa possibilidade, visto que já orientou os diretores a traçarem “planejamentos logísticos” para “deslocamentos de grupamentos, caso seja necessário, a fim de garantir a ordem e segurança em todas as Unidades Prisionais”.
( Hoje em Dia )