O GOLE D’ÁGUA – PSICÓLOGO DANILO JABER BARBOSA

O GOLE D’ÁGUA – PSICÓLOGO DANILO JABER BARBOSA

By / Últimas Notícias / Sábado, 03 Julho 2021 08:53

Existia um homem que vivia insatisfeito, estressado e bastante infeliz, pelo relacionamento sofrível que tinha com a esposa.

Todos os dias, ambos chegavam cansados dos seus respectivos trabalhos e o que acontecia entre os dois era um total desentendimento, desarmonia e, consequentemente, era impossível haver diálogo.

No momento em que ele chegava a casa, normalmente já encontrava a esposa que, indignada e não menos estressada, com os afazeres do dia e mais o acúmulo do 'terceiro expediente', começava a falar e reclamar, sem parar.

O marido, por sua vez, não aguentava a pressão e, impaciente, respondia em cima de cada palavra - quer gostasse, quer não gostasse.

Na verdade, os dois não conseguiam se entender e ele, esbravejando, saíam batendo a portae só retornava bem tarde da noite. E, assim, aconteceu durante muito tempo.

Um amigo, com o qual normalmente desabafava, aconselhou-o a procurar um homem que era tido como uma pessoa muito boa e capaz, especialista em aconselhamento de casais.

Certamente, ele teria alguma solução para o seu problema com a esposa. Meio cético, o machucado marido foi procurar o tal homem.

Chegando lá, deparou-se com um local muito bonito, uma casa simples, fincada em meio a muito verde, pássaros soltos nas árvores e uma brisa suave, com cheiro de terra batida e verde silvestre.

Foi ao encontro do homem e contou-lhe o seu problema com a esposa. Após ouvi-lo, o velho homem adentrou na casa e voltou com duas garrafas - uma maior uma pequenina.

As duas garrafas continham um líquido transparente. Entregou-as ao visitante e deu-lhe a seguinte orientação:

– “Mantenha com você, sempre, essa garrafinha pequena (por ser mais prática de carregar), cheia. No exato momento em que você for chegando em casa, tome um gole bem grande do líquido e fique com ele na boca, sem engolir, durante trinta minutos. Faça essa receita por dez dias consecutivos e, depois, volte aqui."

O homem achou estranho, mas resolveu seguir à risca a orientação do outro. Foi embora e, como estava mesmo na hora de voltar para casa, percebeu que já era o momento de fazer o primeiro teste.

De fato, no exato momento de entrar em casa, levou a garrafinha à boca e deixou o gole durante o tempo em que o velho havia lhe ensinado fazer.

Sua esposa fez o de sempre: começou a falar, reclamar, soltando "cobras & lagartos" e o marido, no seu desespero de querer responder, não dizia nada.

Ao final dos trinta minutos, ele engoliu e aí... tudo o que queria responder, já não fazia mais sentido.  Conversou outras coisas com a esposa e até dormiram juntos. Durante todos os outros dias, repetiu a receita e lá pelo oitavo dia, a esposa recebeu-o com ar de preocupação:

– “Meu filho... o que é que você tem?! Eu fico o tempo todo falando sozinha, digo, digo e digo e você nada... nada, não reage, não fala. Por outro lado, eu tenho sentido que estamos conseguindo conversar. O que é que está acontecendo?"

Bem feliz agora, com os resultados alcançados, retornou no décimo primeiro dia à casa do velho.

Lá chegando, indagou-lhe qual era o conteúdo milagroso que ele tinha lhe dado. O velho, então, respondeu:

- “Água... Com apenas um gole d'água na boca, você conseguiu fazer uma coisa que é o calo de muita gente: saber ouvir.”

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Muito se fala em como devemos nos expressar para garantir uma ótima comunicação. Porém, a comunicação é uma via de mão dupla. Saber ouvir é tão importante quanto saber falar.

Nos comunicamos o tempo inteiro, mas poucas pessoas sabem, de fato, escutar. Isso porque nem sempre é uma tarefa fácil; vai muito além de parar de falar e receber as palavras que estão sendo ditas pela outra pessoa.

Hoje em dia, prestar atenção no outro para ouvir com atenção suas ideias é uma qualidade rara.

A arte de ouvir significa ter paciência e tolerância com o outro, e não apenas escutar quem está ao lado ou acompanhar o raciocínio de alguém.

Ou seja, é preciso perceber, compreender e, principalmente, respeitar opiniões divergentes.

Ouvir o outro é respeitá-lo.

O ser humano tende a gostar muito mais de dar opiniões do que de escutá-las.

Saber ouvir quase que é responder.

Quando você escuta pode aprender algo novo, quando fala, de certo já sabe o que diz.

“Deus é isto: A beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também.”-  Rubem Alves

Danilo Jaber Barbosa, Psicoterapeuta e Hipnoterapeuta Clínico à sua disposição.

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ZÉ ELOI NETO

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